A amplitude da existência não cabe na busca desenfreada da felicidade. Será, inclusive, que a felicidade deveria ser o destino final? 

A frase de Calligaris “não quero ser feliz, quero ter uma vida interessante”, talvez caiba nessa reflexão.

Para muito além do desejo – que não se esgota nunca- psicanalítico, o qual Contardo se refere em sua reflexão, penso que ter uma vida interessante seja encontrar propósitos (sim, no plural) pelo qual, naquele momento, vale a pena batalhar.

O caminho ao encontro desses propósitos é o que nos traz perto da felicidade – assim como da angústia, da decepção, da esperança…

 Almejar a felicidade é como almejar abraçar uma nuvem, com toda sua brevidade e fluidez.

No contrato da vida, o sofrimento é um dos termos – e quiçá seja justamente ele que nos faça valorizar tanto a felicidade enquanto antônimo.

Mirando em propósitos, talvez achemos (alguma) paz na tristeza – e em permitir-se ser triste às vezes. Machado (segunda foto) nos traz a reflexão, Clarice encerra esse texto:

“Por que recusar acontecimentos? Ter muito ao mesmo tempo, sentir de várias maneiras, reconhecer a vida em diversas fontes…Quem poderia impedir a alguém viver largamente?”

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