De tudo que compõe uma sessão, penso como o silêncio é um dos elementos analíticos mais curiosos.
Sinto que desaprendemos a ficar em silêncio conforme vamos nos dotando de palavras.
Há sempre um ponto a ser esclarecido, uma perspectiva a ser colocada, uma ideia para reforçar…
A gente precisa tanto falar que o silêncio passa a ser constrangedor.
Ele parece desvendar todo nosso medo de não ser interessante – será que só isso? – o bastante ao outro, e aprendemos, afinal, a calar nossos silêncios.
Preenche-se o espaço com informação, ponto de vista, explicação e diversas coisas mais…
Só não se preenche com escuta.
Para nos escutarmos, é por vezes necessário ouvir o silêncio.
Do analista ou do paciente, de resistência ou de abertura do inconsciente, breve ou longamente sustentado, o silêncio é uma língua a ser aprendida.
Por vezes, é justamente sua presença que possibilita a comunicação; por vezes, é ele que comunica.
Vez ou outra, canso-me e vejo meus pacientes cansarem das palavras.
Nesses momentos, espero descobrirmos juntos a fluência do que não é dito, mas muito diz.

